sábado, 19 de fevereiro de 2011

Hyundai i30 CW

Hyundai i30 CW
 

O que tem 23 cm, 44 kg e 75 litros? Se você está colocando todo seu raciocínio lógico em ação, poupe seu tempo. Esses dados são a síntese do que separa o i30 da perua criada sobre sua base, a i30 CW. A sigla CW significa Crossover Wagon, mas o C, em vez de representar essa palavrinha sambada (e que, hoje, quer dizer qualquer coisa), bem que poderia significar Compact, ou compacta, em bom português. Porque, no fim das contas, é isso que a perua da Hyundai é: sucinta. Ou isso ou um i30 espichado. Um iTrintão.

Comecemos pelos 23 cm, a diferença de comprimento entre o hatch e a perua. Colocando os dois veículos um ao lado do outro, a diferença vai parecer menor. E a explicação é simples: desses 23 cm, só 18 cm vão para o balanço traseiro. Os 5 cm restantes entram no entre-eixos, que passa de 2,65 metros no i30 para 2,70 na CW. Se for para explicar isso sem números, dá para dizer que um motorista de mais de 1,80 metro vai poder dirigir sem um passageiro da mesma altura cutucando suas costas com os joelhos. Tem espaço de sobra para todo mundo, a não ser para um eventual quinto passageiro, que se sentaria no meio do banco traseiro. O ressalto no assoalho e o encosto desconfortável desencorajam qualquer um de ocupar esse lugar.

Com pouco ganho em tamanho, é quase natural esperar um aumento de peso pequeno. E ele é de 44 kg. Em outras palavras, com 23 cm a mais, o hatch de 1 327 kg se transforma em uma perua de 1 371 kg.

Ao volante, a diferença seria como dirigir o i30 carregando uma mulher magra de até 1,60 metro no banco de trás. Em termos práticos, a perua chega a andar mais em alguns casos. Pelo menos foi isso que nossos testes revelaram, graças à ajuda da loja Comfort Car, de São Paulo, que nos cedeu o carro para essa reportagem. Até tentamos algumas revendedoras oficiais da Hyundai, mas ouvimos que todas as i30 CW do primeiro lote já foram vendidas. E que a próxima remessa só chega dentro de um mês.

Quando testamos o i30, ele foi de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos, contra 10,3 da CW. Os dois também atingiram os 1 000 metros quase ao mesmo tempo: 31,1 segundos para o hatch, 31,7 para a perua. Mas foi nas retomadas que ela se destacou: empatou de 40 a 80 km/h, em 7,7 segundos, e superou o hatch dos 60 aos 100 km/h (10,3, contra 10,6) e dos 80 aos 120 km/h (15,5, contra 16,5). Vale lembrar que a i30 CW não passou pela tradicional revisão “pente-fino” a que são submetidos os carros destinados à imprensa especializada.

A perua deveria, pelo menos, frear pior ou gastar mais, mas não faz nada disso, algo que tem explicação. Com mais peso na traseira, a distribuição de peso favorece a atuação dos freios traseiros, normalmente menos usados em frenagens pelo deslocamento de massa em direção à dianteira. Enquanto o i30 gastou 62,9, 27,9 e 15,9 metros para frear de 120, 80 e 60 km/h a 0, respectivamente, a CW parou, nas mesmas condições, em 61,1, 27 e 15 metros.

No que se refere a consumo, o hatch fez 9,6 km/l na cidade e 13,7 km/l na estrada. A perua gastou um pouco mais em ciclo urbano, com 9,3 km/l, mas no rodoviário, em velocidades mais altas, o consumo foi de 13,7 km/l. Deu empate. Para um carro que usa gasolina e tem pouco mais de 1 300 kg, é uma marca excelente. O que a justifica é a aerodinâmica mais camarada, com turbulência menor.

Essa vantagem também deixa a perua sutilmente mais silenciosa que o hatch. Só não foi em rotação máxima, quando o nível de ruído na CW foi de 70,1 dB e a do hatch, de 68,4 dB. Em movimento, a i30 CW vence aos 80 km/h, com 58,6 dB (contra 61,7 dB), e a 120 km/h, com 65,4 dB (contra 68,6 dB).

Quando chegamos à vantagem mais óbvia que uma perua pode oferecer sobre um hatchback, que é o tamanho do porta-malas, o ganho sutil em comprimento se reflete num aumento tímido do compartimento. De 340 litros, ele passou a 415 – os 75 litros que mencionamos no início desta reportagem.

Com tantas vantagens em relação ao modelo mais curto, a i30 CW deve custar bem mais caro, certo? De direito, não. Na tabela, o modelo de entrada, com câmbio manual, sai por 59 000 reais. O hatch, 58 000 reais. O modelo topo de linha, equipado com transmissão automática de quatro marchas, tanto do i30 quanto da i30 CW, sai por 78 000 reais. De fato, sim. Em uma concessionária, nos disseram que todas as versões da perua são 3 000 reais mais caras que as equivalentes do hatch.

Aos interessados na perua, vale ficar de olho vivo. Afinal de contas, a rede Hyundai é mais conhecida por dar descontos (nos carros, não nas peças) que por cobrar ágio. A chegada da i30 CW traz alento para um segmento que anda esquecido pelos holofotes. E pode ajudar a esclarecer o enigma: perua vende pouco pela escassez de opções ou a falta de modelos é que leva à presença rarefeita delas nas ruas? Apostamos na segunda hipótese.

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